segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O cavalo do domingo


No dia em que o Rio de Janeiro recebeu os cavalos mais elegantes do mundo para duas das mais importantes competições da alta sociedade esportiva - o GP Brasil de Turfe e o Athina Onassis - o equino que mais chamou a atenção da mídia não passou nem perto do Hipódromo da Gávea ou da Hípica da Lagoa. Foi em um palco tão charmoso quanto os frequentados por "empresários-bem-sucedidos-engravatados" e madames de chapéus extravagantes. Mas bem mais popular. Foi no bom e velho Maracanã que o relinchar de Léo Moura soou mais alto.

Irritado pelas vaias constantes que vinha recebendo dos torcedores do Rubro Negro, o lateral-direito se sentiu no direito de xingá-los após marcar o gol de empate diante do Náutico, que começou a rodada segurando a lanterna do Brasileirão. A forma agressiva como se comportou em sua "comemoração" impressionou. Léo Moura articulou os palavrões de forma didática, orgulhando seu fonoaudiólogo. Se a moda pega, os surdinhos que fazem a leitura labial no Fantástico correm risco de engrossar a lista de desempregados do Brasil.

Aqueles que acompanham este espaço sabem que hipocrisia me irrita. E que, infelizmente, nossa mídia está cheio de profissionais que esperam ansiosamente para que um fato nesses moldes ocorram para que vociferem regras do convívio humano. Não sou desta laia. Até compreendo a atitude do jogador do Flamengo. Realmente, não deve ser fácil exercer sua profissão com um monte de marmanjos pegando no seu pé. O desabafo é pefeitamente normal. Mas a maneira como este é feito é o que costuma separar os espertos dos ingênuos; os sábios dos ignorantes; os homens dos quadrúpedes.

Léo poderia ter saído por cima. Se tivesse preferido não se manifestar já teria dado o seu recado. Até o tradicional gesto de levar o dedo indicador à boca pedindo silêncio teria sido aceito sem alarde. Mas Léo perdeu a razão. Meteu-se numa briga em que sempre sairá perdendo ao mexer com uma das torcidas mais impacientes do nosso futebol. Atitute de invejar o Pé de Pano, aquele pangaré desprovido de inteligência das histórias do Pica-Pau. A Perla que me perdoe...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Uma carta de amor


Querida Seleção Brasileira,


Parabéns pela conquista da Copa das Confederações. A excelente campanha na África do Sul foi coroada com uma brilhante virada na final sobre a valente equipe dos Estados Unidos.


Confesso que não assisti à partida inteira. Você me conhece. Alternei o primeiro tempo entre cochilos e afazeres domésticos e só olhava para a TV quando Milton Leite berrava lá na sala. Sabe como é, né? Estamos no inverno e tinha saído na noite anterior...Não deu pra resisitir a umas horinhas extras de sono sincero.
Mas na segunda etapa eu me dediquei. Vi quase tudo! Perdi, obviamente, o gol do Luís Fabiano, marcado aos 38 segundos. Mas aí a culpa não é minha! Estava na cozinha preparando algo que me ajudasse a suportar 45 minutos ininterruptos de sua companhia. E olha que poderíamos ter prorrogação...


Não tivemos, felizmente. Ainda bem que você se impôs e resolveu a parada no tempo certo. Parabéns! Quase derrubei meu copo de Coca-Cola quando o Lúcio conseguiu aquela cabeçada. E, finalmente, eu vibrei com você, Seleção.


Mas, por favor, não fique imaginando coisas. Nossa relação continua na mesma. É provável que ano que vem nosso namoro esquente. Esse fenômeno acontece a cada quatro anos. É a Copa do Mundo, Seleção. Falta pouco.


O seu grande erro é querer exclusividade. Eu sempre deixei claro que não teria condições de te oferecer isso. Você , pra mim, será sempre uma paixão sazonal. Um namorico de verão.


Eu te falei desde o início que o meu coração tinha dono. Ele é do Vasco, Seleção. Você sabe disso. Apesar de não estarmos numa fase muito boa, eu e o Vasco sempre nos entendemos. Basta aquela bandeira linda ser hasteada para que eu esqueça pequenas divergências e me entregue. Estou sendo sincero, Seleção. Não quero te magoar.


A diferença entre vocês é sutil, mas, ao mesmo tempo, fundamental. Eu escolhi você pra torcer. Numa época em que jovens se deixam levar por estrangeirismos reverenciando "esquadrões" europeus, eu nunca cogitei sair do teu lado. Eu te escolhi. Com o Vasco foi diferente, paixão. ELE ME ESCOLHEU. Graças a Deus.


Um grande beijo,
Luiz Thiago Santos

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Caos legitimado



Enfim, o STF se manifestou sobre a questão da obrigatoriedade de diploma para a prática do jornalismo. A questão se arrastava há anos e foi definida na última semana pelo Tribunal. E foi de goleada! Por oito votos a um, os ministros decidiram que não há necessidade de se concluir um curso superior para fazer jornalismo. Os argumentos para os que votaram contra o diploma variaram. Foram desde "Liberdade de Expressão" até comparações esdrúxulas com outras atividades profissionais.


Sou contra a decisão. Por mais que o ato de escrever possa ser considerado uma arte - escrevi sobre isto no post inaugural deste humilde blog - não se pode ignorar algumas normas básicas no processo de transmitir a informação. Por sinal, há uma diferença considerável entre transmitir uma informação e emitir uma opinião. Mas Gilmar Mendes e cia. não conseguem enxergar isso.
Na prática, porém, acredito que pouca coisa mudará para aqueles que já atuam na área. Muitos não-jornalistas trabalham em redações. Economistas, ex-jogadores de futebol, cozinheiros etc. têm colunas em grandes jornais e portais. E todos eles são muito mais bem remunerados do que a grande maioria dos que possuem diplomas. Não entendo, sinceramente, o motivo para a celeuma que se instalou em algumas dessas empresas. Sempre foi assim. Talvez a esperança de que as coisas melhorassem para a classe tenha ido pro espaço. Só isso justifica a revolta.


Como consequência imediata, posso apostar numa relevante diminuição do interesse pelo vestibular para Comunicação Social. Perfeitamente compreensível. Pra que passar quatro anos atrás de um diploma que não vale praticamente nada? Na outra mão da questão - a otimista - acredito que as escolas de Comunicação se reinvetem e se tornem - realmente - um diferencial para os que pretendam ingressar no ramo. Descartar a importância da Academia em qualquer atividade é, no mínimo, precipitado. Mas confesso que não trocaria os anos de estágio por algumas aulas que tive na PUC.


O tempo vai se encarregar de responder outras questões pendentes. Mas, como jornalista, posso dizer que o golpe foi muito mais moral do que qualquer outra coisa. E bola pra frente.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Não e vi e não gostei...


A frase que dá título ao post não é minha. Pertence ao ex (graças a Deus) presidente do Vasco, Eurico Miranda. Mas expressa bem minha relação com a Seleção Brasileira. Principalmente nas Eliminatórias para a Copa do Mundo.


Posso contar nos dedos de uma mão os jogos do escrete canarinho a que assisti de maneira integral nos últimos anos. Sim, porque esse formato das Eliminatórias é tão entendiante que demanda três anos para ser concluído. Cem por cento política. Zero de emoção.


E o mais interessante é que os classificados são quase sempre os mesmos. Mesmo que Brasil e Argentina tropecem aqui e ali, sempre terão uma Venezuela ou um Peru pela frente para recuperar os pontos perdidos. Como são fáceis - e chatas - as nossas Eliminatórias.


Diante de tudo isso, porém, um fenômeno. Nas semanas de jogos por esta "competição" a mídia esportiva para. É entrevista com Dunga em um canal, discussões intermináveis sobre quem deve formar a dupla de ataque de nosso esquadrão em outro... E nada é ignorado. Nem mesmo os as rodas de bobo escapam das lentes dos cinegrafistas.


Num movimento oposto ao da maioria da população, que demonstra cada vez menos interesse em um time formado quase que exclusivamente por jogadores sem identificação com o país, nossa imprensa se esforça ao máximo para valorizar um produto em decadência. Exercício de cidadania maquiado ou uma tentativa honrosa de tentar resgatar uma de nossas mais conhecidas e respeitadas bandeiras mundo afora? Não sei ao certo, mas tendo a concordar com a primeira premissa. Infelizmente as coisas caminham assim.


Quanto à atuação do time do Dunga contra o Paraguai na última quarta-feira (9), só tenho duas coisas a dizer. Não vi. E não gostei.




segunda-feira, 8 de junho de 2009

Reizinho na tela do SporTV


Segunda-feira é dia das mais profundas - e chatas - análises sobre a rodada do fim de semana do Brasileirão. Na faixa nobre da televisão, os aficcionados pelo esporte se dividem entre o "Bem, Amigos", do SporTV e o "Linha de Passe", da ESPN Brasil. Eu me incluo nessa turma. Sempre com o controle na mão, pulo do 39 para o 70 e vice-versa quando os "coleguinhas" se estendem num assunto que pouco me interessa. Confesso, porém, que ultimamente minha prioridade tem sido o "CQC", da Band.


Mas nesta segunda (8) tenho um motivo especial para reviver o velho hábito. Um dos convidados do "Bem, Amigos" será Juninho Pernambucano, um dos meus ídolos que ainda estão em atividade. Depois de conquistar quase tudo pelo Vasco, o reizinho foi desfilar seu talento pelos gramados europeus e transformou o modesto Lyon num papa-títulos de dar inveja a São Paulo e Internacional.


Abaixo, segue uma crônica escrita por mim - e exibida pelo SporTV - para homenagear a impressionante trajetória do jogador no clube francês. Nela, um torcedor do Lyon reverencia o ídolo.



"Dizem que não nos damos conta quando a história passa por nós. Mas você, Juninho, tornou isso tão palpável que até os mais distraídos dos franceses têm a certeza de que viveram um momento especial.


Tal qual o Rei Midas, que com um simples toque transformava objetos em ouro, você, Juninho, elevou à potência o que antes era uma simples equipe de futebol. Mais que isso. Inflou o orgulho de milhares de cidadãos, que, como súditos fiéis, o reverenciavam sempre que você desfilava sua classe sobre o tapete verde do estádio Gerland. Quanta nobreza, Rei!


Mas já que falamos de França, deixemos Midas e a mitologia grega de lado. Falemos de revolução. Se a queda da Bastilha deu fim à monarquia, você reativou o regime séculos depois. Com seu talento e carisma, chegou ao trono pelos braços do povo.


Que me perdoe Luís Catorze, mas o verdadeiro Rei Sol, para os torcedores do Olimpique Lyonnays, é você. E mesmo que sua sabedoria o tenha feito abdicar do reinado, saiba que em nossos corações você continuará soberano.
Porque assim como a história, Juninho, o sentimento não para, é eterno.

Obrigado, Rei."



*Só mesmo ele para me fazer aturar Galvão Bueno e cia...

terça-feira, 2 de junho de 2009

O Imperador voltou


O coro entoado por mais de 70 mil torcedores do Flamengo no último domingo no Maracanã foi confirmado em sua plenitude nesta terça (2). Menos de 48 horas depois de ensandecer os súditos com um gol e a convincente atuação na vitória diante do Atlético-PR, Adriano faltou ao treino da manhã. A ausência surpreendeu a todos, inclusive à diretoria do Flamengo, que não soube justifica-la. Segundo informações extraoficiais, um amigo do jogador teria ligado para o clube para informar que o astro rubro-negro não compareceria à Gávea. Pois é. A torcida tem razão: o Imperador voltou.

Confesso que esta atitude não me surpreendeu, embora não esperava que o primeiro deslize de Adriano acontecesse tão rapidamente. É óbvio demais. Nem mesmo nos roteiros mais previsíveis, algo assim aconteceria. A desconstrução do herói demoraria alguns capítulos. Mas Adriano provou que é avesso a scripts. Ele é o Imperador, e como tal não precisa seguir programação ou acatar ordem alguma.

Adriano trocou Milão pela Vila Cruzeiro. Disse que estava buscando de volta a felicidade que nunca lhe sorrira na capital da moda. Da favela vieste, à ela retornarás. Tudo muito bonito Emocionante, até. Mas com uma pitada generosa de hipocrisia.

Mas demos uma chance ao rapaz...Ops! Perdão pela heresia. Não ousemos a questionar o Imperador. Com certeza foi a saudade que o trouxe de volta ao Brasil e não a cobrança excessiva de dirigentes da Internazionale. Certamente não há em Milão o aroma peculiar do churrasquinho de gato servido na porta dos bailes funk da Vila da Penha. Dá pra imaginar como alguém consegue viver sem isso?

Ironias à parte, é verdade que não cabe à imprensa julgar este ou aquele jogador. Fiscalizemos sim, porém, seu comprometimento com o clube que paga seus salários e, principalmente, com os torcedores que o reverenciam.

E que não me venham com aquele papo manjado de que Adriano é de origem humilde e etc. É verdade. Não deve ser fácil lidar com uma mudança radical de estilo de vida em um período curto. É preciso ter estrutura. E Adriano não tem. Mas os erros frequentes já deviam ter lhe ensinado alguma coisa.


Adriano já é bem grandinho. Precisa ter responsabilidade e agir como um nobre. Não como uma criança mimada. Deixemos de passar a mão na cabeça de marmanjo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Se o Campeonato Brasileiro terminasse hoje...

Se o Brasileião terminasse hoje, o Internacional seria campeão, Vitória, Santos e Náutico também garantiriam vaga na Libertadores e Botafogo, Sport, Atlético-PR e Coritiba cairiam para a Série B. Atlético-MG, Flamengo, Cruzeiro, São Paulo, Goiás e Santo André arrumariam um lugarzinho na Sul-Americana do ano que vem. Já para Grêmio, Corinthians, Avaí e e Barueri teriam competido nove meses para não chegar alugar algum.

O Brasileirão, porém, não terminou. Faltam 34 rodadas. Até lá muita coisa vai rolar. E ainda dizem que no sistema de pontos corridos cada jogo é uma decisão. Vá entender...